Coutto Orchestra de Cabeça é o nome da banda que vindo de lá do menor estado brasileiro, Sergipe, faz um som que de pequeno não tem nada. Os jovens músicos conseguem extrair belos frutos da mistura de música cigana, tango, baião, fanfarra, eletrônica e Erik Satie. A sonoridade da Coutto é uma trilha sonora para um filme ainda por ser rodado. Destaque para as belíssimas Flor e Routine. Conheça o primeiro e recém-lançado Eletro FUN Farra.
Batatinha é o apelido do saudoso sambista baiano Oscar da Penha, mais conhecido nacionalmente pelas composições gravadas por Chico Buarque (Toalha da saudade), Caetano (Hora da razão) e Maria Bethania (Diplomacia). Belo compositor, de voz mansa e triste, Batatinha sempre tratou o tema maior do samba, a desilusão amorosa, com simplicidade e elegância impares: "É proibido sonhar/ Então me deixe o direito de sambar" (Direito de sambar) ou "Se eu deixar de sofrer/ Como é que vai ser/ Para me acostumar/ Se tudo é carnaval/ Eu não devo chorar/ Pois eu preciso me encontrar" (Hora da razão).
Sua memória vive não apenas na transcendente memória musical, mas também
no Bar "Toalha da saudade", tocado pelos seus filhos, localizado no
Largo dos Aflitos, em Salvador .
Gravou cinco discos, Batatinha e Companhia Ilimitada (1969) ; Samba da Bahia (1975); Batatinha, 50 anos de Samba (1993); Toalha da Saudade (1976) e o póstumo, Diplomacia (1997). Para homenageá-lo, seguem para download estes dois últimos trabalhos.
HORA DA RAZÃO E TOALHA DA SAUDADE (PROGRAMA ENSAIO)
Max Sette é trompetista, compositor e cantor, mais ou menos nessa ordem. Ele tocou por anos na Orquestra Imperial, quando compôs a impagável Ereção: "Uma cerveja uma aguardente com limão/eu vou lá na gafieira vai ser a maior curtição/ de madrugada uma rodada no salão/ mas cuidado a brincadeira pode causar ereção". Max lançou dois álbuns Parábolas ao vento (2007) e O que passou (2009). Apesar de não ser um grande cantor, Max sobra nos arranjos e bom humor das letras. Sambas de gafieira, funk, tango emolduram suas canções. Do primeiro trabalho destaco as belas Gomalina e Parábolas ao vento: "Mais uma vez eu to só / sendo produto desses produtos industrializados que estão dentro do meu quarto / demorei esse tempo só para chegar até aqui no meio desse monte de papel, plástico, coisas, ar condicionado, luz, bicicleta...". Confira Gomalina ao vivo e baixe o Parábolas.
Seguindo a linha de tributos, tô postando a recente homenagem ao grupo Raça Negra, aquele mesmo do "didididiê" e do vocalista Luis Carlos, que tem a voz parecida com a do Romário. Como em boa parte dessas coletâneas, o resultado é desigual, mas vale a pena sacar, inclusive para conhecer gente nova. Merece destaque a versão da pernambucana Lulina, com aquele sotaque lindo, em Cigana [Então vem (então vem)/ Maltrata de vez (maltrata de vez) / Estou com saudade e a sua maldade me faz delirar (sic)]. Ficaram bem bacanas também as versões de Te quero comigo, com o Minha Pequena Soundsystem e Cheia de manias, com Vivian Benford.
Confiram uma das versões e baixe o disco na sequência.
Recém saído do forno, Coitadinha, bem feito, álbum virtual em homenagem à grande compositora e cantora Angela Ro Rô. Para quem conhece seu trabalho autoral, o resultado pode soar estranho na primeira audição, dada à diversidade dos arranjos aplicados ao repertório de uma artista com identidade tão bem definida. Ela sempre transitou, sem grandes concessões, pelo caminho da fusão blues-rock-mpb, como Cazuza também o fez. Há um outro detalhe que merece destaque na obra: a opção por utilizar apenas vozes masculinas para interpretar o universo de Ro Rô. O trabalho reúne performances de artistas contemporâneos como Lucas Sant'anna, em Amor, meu grande amor (versão dub), Kiko Dinucci, em Tango da bronquite (um bolerinho-tango eletrônico) e Otto, na faixa que nomeia o álbum (versão groovada e arrastada). Gostei dessas invenções, mas me agradam sobretudo as gravações que menos perverteram o clima original das músicas da cantora, como Me acalmo danando, com Hélio Flanders; Fogueira, com Rodrigo Campos; Só nos resta viver, comRômulo Fróes; e Mares da Espanha, com Thiago Pethit. Para conferir esta última faixa segue o primeiro vídeo produzido e, na sequência, baixe o álbum.
Depois de um longo tempo sem postar, resolvi aparecer por aqui para compartilhar o disco que mais tenho ouvido, Árvore da vida (1998), de Jorge Mautner e Nelson Jacobina. Trabalho intimista, construido só com o violão preciso de NJ e o violino intruso de JM. Apresenta algumas pérolas, como o samba Positivismo (Noel Rosa), "O amor vem por princípio, a ordem por base / O progresso é que deve vir por fim / Desprezastes esta lei de Augusto Comte / E fostes ser feliz longe de mim". No mais, alguns "hits"da dupla, como Maracatu Atômico, Vampiro, Lágrimas negras e Samba Jambo. A qualidade da gravação e da ripagem não é das melhores, mas vale conferir. Na sequência, um vídeo "preguiçoso" de Samba Jambo e o link para download do álbum.
Apresento(?) aqui,Carlos Careqa, ator, cantor e compositor de difícil
conceituação, tal a diversidade de ritmos e temas presentes em sua obra. Letrista
de mão cheia, arranjador e violonista virtuoso, CC deixa transparecer em seu
trabalho sua origem no teatro, seja em suas interpretações lírico-cômicas,
seja nos cenários que constrói pela poesia. Transita com
tranquilidade pelo samba-choro, blues, funk, ijexá, carimbó, bossa e muito
da vanguarda paulista de Arrigo Barnabé, Itamar e cia.
Sua estréia foi com Os
homens são todos iguais (1993), seguido de Música
para final de século (1998), Não sou filho de ninguém (2004), Pelo
público (2006), À
Espera de Tom (2008), com versões para canções de Tom Waits, Tudo
que respira quer comer (2009), até o mais recente, Alma
boa de lugar nenhum (2011). Cada um dos álbuns mereceria uma
resenha detalhada e cuidadosa, mas me deterei no meu preferido, Não
sou filho de ninguém, que é recheado de participações especiais de
Chico Cesar, Edson Cordeiro, André Abujamra, Jards Marcalé, dentre outras. Um
dos principais destaques é Eh! São Paulo, em que revisita os
clássicos que tematizam a cidade: "Porque nada acontece no meu
coração/ Quando eu cruzo/ A esquina da avenida Ipiranga/ Com a avenida São João
[...] De noite eu não rondo a cidade/ Não te procuro nos bares ou nas
ruas/ Na Paulista os faróis estão quebrados [...] Na Augusta eu entrei
devagar/ Iracema pode até atravessar/ A garoa que caía inundou meu barracão/
Nunca mais eu te vi, Consolação.
Depois apresenta a
"oração", Meu querido Santo Antônio e uma
parceria felicíssima com Chico Cesar, em Menos de doer, mais de doar.
Ouça um pouquinho
de Carlos Careqa e, na sequência baixe Não sou filho de ninguém.
Mulheres q dizem sim era formada pelos talentosos Maurício Pacheco (ex-Stéreo Maracanã e ex-F.U.R.T.O), Pedro Sá (guitarrista e produtor de Caetano), Domenico Lancelotti (multi-instrumentista e membro da Orquestra Imperial), Palito e, eventualmente, Moreno Veloso. A banda, apesar de sua efêmera duração, influenciou uma pá de músicos e projetos contemporâneos como Lucas Santtana, Los Hermanos, Nina Becker, X+2, com sua mistura de rock, salsa, funk, samba e uma pitada de dissonâncias. Gravaram um único disco com letras curiosas como E.T. (Toda a madrugada pede uma chegada/ Toda a madrugada merece uma chegada/ De alguém, de alguma coisa/ De um quê?/ De um ET.../ De um ET, como o de 1981/ Com seu dedo reluzente/ resplandecente em mim) ou Eu sou
melhor que você (Todo mundo acha que pode, acha
que é poeta/ Todo mundo tem razão, sempre
vence e na hora certa/ Todo mundo prova sempre pra si mesmo que não há derrota/ Todo homem tem voz grossa e tem pau grande/ E é maior do que o meu, do que o seu, do que o de todos nós). Confira os dois únicos clipes da banda e
baixe o álbum Mulheres q dizem sim (1996).
Wander é uma lenda do rock nacional. O bardo gaúcho é do tempo em que roqueiro que era roqueiro não malhava e não usava aparelho ortodôntico. Foi líder da banda punk, Replicantes, mas sempre flertou com a música brega e canções em espanhol. Depois de um tempo meio sumido, se lançou em carreira solo com o disco Baladas sangrentas (1996), seguido de Buenos Dias! (1999), Eu sou feio ... mas sou bonito (2001), Paraquedas do coração (2004), La canción inesperada (2008) e duas coletâneas. Hoje, com sua mente perturbada, bom humor e seus 64 dentes, continua na ativa. Sabe brincar como poucos com os estereótipos que envolvem o universo sexo, drogas e rock'n roll. Seu último trabalho, Caminando y cantando (2010), é diversão certa. Confira Wander em ação e baixe o primeiro e o último disco desse "belo" artista.
EU NÃO CONSIGO SER ALEGRE O TEMPO INTEIRO
BOAS NOTÍCIAS
BAIXE AQUI: Caminando y cantando (2011) http://www.4shared.com/get/pOLbqu77/wander_wildner_-_caminando_y_c.html
O Forró in the dark é um grupo formado por brasileiros radicados nos states. Fazem releituras de clássicos do baião e do forró com um instrumental sofisticado e inusitado. Eles usam, além dos tradicionais pífano, zambumba e triângulo, umas guitarras envenenadas, banjos e outras loucuras. Sou meio desconfiado com este tipo de projeto, que logo me remete ao som de Sérgio Mendes e sua "macumba pra turista". Nesse caso, a surpresa foi positiva e acabei curtindo o som esquisito dos caras. Tô meio sem inspiração pra escrever, então confira aí o grupo em ação e, se gostar, baixe dois álbuns do Forró in the dark.